A "unção" da jumenta
"Deus usa quem Ele quer, não precisa estar 'certinho'. Posso cantar no louvor e estar com a vida torta, que Deus vai me usar."
Há cerca de dois anos ouvi essa frase de uma pessoa muito talentosa na área da música. Foi um tanto chocante ouvir isso de alguém com potencial tão grande. Infelizmente esse é o comportamento, ainda que não verbalizado, de muitos que estão no louvor, que pregam e evangelizam, que limpam o templo e os banheiros, que estão na cantina...
Servir a Deus deve ser sinônimo de excelência e santidade, não importa a área. Tanto aquele que está na plataforma, no altar, como aquele cujo trabalho "não aparece" tanto aos olhos da igreja, devem se consagrar ao Senhor.
Mas...
Você já conheceu ou soube de alguém nada preocupado com santidade, que foi usado por Deus de alguma forma? Eu conheço algumas pessoas com esse perfil. Já testemunhei levitas cheios de pecado, despreocupados com esse papo de santidade, ministrando louvor no altar, e vidas sendo abençoadas. Conheci um pregador cuja reputação e caráter eram questionáveis, mas seus sermões eram impactantes e vidas encontravam a salvação em Cristo.
Confesso que isso gerou inquietação em meu coração. No entanto, logo o Espírito Santo falou claramente comigo: "A jumenta de Balaão". Fui buscar o texto, li o contexto, orei ao Senhor e fui respondido em minhas indagações. É sobre isso que quero compartilhar com você.
Primeiro, vamos definir unção: É uma capacitação sobrenatural, dada por Deus a alguma pessoa, credenciando-a para cumprir uma missão específica, especial, dentro de propósitos divinos. Unção é uma capacitação específica de Deus para um fim específico. Todo aquele que tem o Espírito Santo tem Unção. Deus nos capacita em áreas específicas. Nem todos são evangelistas, nem todos cantam e ministram louvor. Alguns são evidentemente mais preparados para pastorear, outros para ensinar. Seja qual for a área, Deus nos dá condições de ministrarmos. Vem Dele.
Por essa perspectiva (e forçando um pouco a barra, eu sei), podemos dizer que a jumenta recebeu uma capacitação sobrenatural, uma "unção" para falar. Diz a Palavra: "Então o Senhor abriu a boca da jumenta" (Números 22.28). Deus concedeu àquele animal uma habilidade fora do comum. Assim é conosco: o Pai nos capacita para a Sua obra com dons e talentos que não temos. Nunca os teríamos sem a intervenção Dele.
Em segundo lugar, obviamente a jumenta não estava preocupada com santidade. Deus pode - veja bem: pode - usar pessoas que não estão nem aí para obediência, compromisso, consagração. Na verdade, Deus usa os ímpios para abençoar os justos, Ele usa a natureza, Ele move os céus, Ele faz de tudo em favor daquele que está na mira de Sua misericórdia e graça. A jumenta foi útil para desviar Balaão do caminho mal (Números 22.33). A misericórdia de Deus por Balaão foi tamanha, que permitiu à jumenta ter os olhos abertos para ver o anjo e empacar no caminho para que o profeta não morresse!
Terceiro: A "unção", ou seja, a capacidade de fala da jumenta teve duração curta. Nunca mais se repetiu. Quem está preso a pecados não confessados, indiferente à sua vida espiritual morna, até poderá ser usado por Deus em algum momento, por um tempo, mas não permanecerá, não será aprovado. Quando Deus usa quem não vive submisso à Sua vontade é assim: dura um instante na vida, para salvar outras vidas.
Por isso vemos tantos ministros caindo, desaparecendo. Eram tão usados, tão usados... mas viveram para si mesmos, não tomaram a cruz, não desejaram ser santos como o Pai, não serviram com excelência e temor. Ministraram com a "unção" da jumenta. Aquela pessoa talentosa a que me referi no começo dessa reflexão foi muito usada por Deus no passado. Hoje apenas freqüenta os cultos.
Você tem servido ao Senhor com a "unção" da jumenta? Abra os seus olhos! Levante-se da mornidão, da frieza! Queira ser usado por Deus com excelência e santidade, com temor e reverência. O Senhor quer te levantar como um profeta que vai pelo caminho correto, que anuncia com suas próprias atitudes uma vida diferente, abençoada, abundante. Queira ser santo, porque Deus é Santo.
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